" Em Vila Pouca o baile foi no salão da Câmara. As mais lindas raparigas da terra lá vieram trazer-nos os seus sorrisos e a sua graça. E à sua beleza e à suas cativantes maneiras ficaram presos os nossos olhos e gratos os nossos corações de eternos apaixonados.
De madrugada, extenuados, já com duas noites seguidas à vela, o corpo pedia-nos repouso e forçoso se tornou procurarmos uma cama para descansar.
E só conseguimos uma, para quatro ou cinco, onde ficamos como a sardinha na canastra. Ao outro dia, 3 de Junho, logo depois do almoço tomamos o comboio de regresso ao Porto. E coo devido às curvas e contra-curvas do Caminho de Ferro do Vale do Corgo, o balanço do comboio nos dava a impressão de que navegavamos em pleno mar alto, encapelado, a maior parte da "malta" deitou a carga ao mar. Mas eu resisti como um "valente". Eu...e poucos mais. Tinhamo-nos sentado nos degraus da plataforma da carruagem, contemplando o Corgo e o Marão, e a frescura da aragem livrou-nos do desastre....
...de outra vez fomos de longada até Ovar, terra natal do nosso saudoso regente, estudante como nós, Marcos António da Silva Matos. Muito antes da hora do comboio quási todos estavam já a postos na Estação de S. Bento. E, caso curioso, entre os executantes apareceu um rapaz todo vivo, capa e batina, violão engalanado de fitas berrantes, mas que quási ninguém conhecia, porque nunca fora visto nos ensaios. Ora o regente tinha declarado terminantemente que não iriam na excursão todos aqueles que faltassem a um certo número de ensaios. E aquele "adventício" que nunca lá tinha posto os pés, estava, portanto, condenado a ficar em terra, o que lhe foi comunicado. Mas na estação e nas redondezas fez, porém, tais peripécias, com tanta graça e espírito, e tinha ele uma chalaça e um cómico tão irresistiveis, que a Tuna em peso foi pedir ao Regente para o deixar seguir. E foi. Era, o que depois ficamos todos a conhecer, o grande "camaradão" Bordalo de Figueira de Castelo Rodrigo.
E em Ovar a sua graça continuou a expandir-se. É certo que não tocou no espectáculo. Mas ele não foi lá para isso.
Fonte: Contra-capa do CD "Um Percurso"
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
A Serenata na Academia do Porto
Na cidade do Porto foi hábito frequente realizar serenatas ao longo da segunda metade do século XIX. Guitarristas, cantores, grupos amadores, animavam as ruas do burgo na época estival, com incursões às praias de Espinho, Granja, Leça da Palmeira, Apúlia, e termas das Caldas de Vizela e Pedras Salgadas.
Quando em 7 de Dezembro de 1888 a Estudantina de Coimbra (Tuna) se deslocou ao Palácio de Cristal, uma banda de amadores locais brindou os tunos com uma serenata junto ao Hotel Universal.
O guitarrista, cantor e compositor Reinaldo Varela, nascido em Ponte de Lima no ano de 1867, domiciliou-se na cidade do Porto por volta de 1883, na qualidade de professor de instrumentos de corda, guitarrista e cantor. Aí viveu até cerca de 1900, altura em que passou a residir em Lisboa. Bem relacionado, presença assídua nas praias, termas, teatros e salões, Varela recordava ao periódico “A Canção de Portugal: O Fado”, nº 12, de 18 de Junho de 1916, que nas décadas de 1880 e 1890 se realizavam no Porto “serenatas afamadas”.
César das Neves, professor de música no Liceu da Ordem do Carmo, autor de um método de guitarra e recolector do “Cancioneiro de Músicas Populares” (1893-1895-1898), publicou em 1902 um “Compêndio de Musica, solfejo e canto coral para alunos de ambos os sexos” (Porto, Livraria Portuense de Lopes & Companhia, 1902), onde transcreve canções da sua própria autoria destinadas a serenatas (Canção Fluvial, Pôr do Sol, Crepúsculo).
Entre finais do século XIX (década de 1890) e a década de 1920, a casa portuense "Eduardo da Fonseca. Armazem de musica, pianos e outros instrumentos", sita na Praça de Carlos Alberto, nº 8, lançou no mercados profusas edições de partituras em folheto volante e em brochuras de 12 peças impressas. Estas edições podiam ser compradas localmente ou encomendadas através de cobrança postal, servindo clientelas do Porto, Coimbra, Lisboa, tunas rurais e urbanas, serenateiros, professores de música, orquestras ligeiras activa em casinos, ensaiadores provinciais de teatro amador e ambulante, filarmónicas e serões familiares ao piano.
Na 1ª série destaquemos a versão primitiva do "Fado Serenata do Hylario" (Ouvi dizer ao luar). Na 2ª série encontramos o "Fado das Três Horas" (Murmura, rio, murmura), e o "Fado Boémio" (Guitarra, minha guitarra) de Varela. A 3ª série integrava "Canção d'Amor" (Já cantam os trovadores), "Fado Monte Estoril" , "Fado Apuliense", "Fado Novo de Coimbra", "Pallidas Madrugadas", e "Fado de Braga". Este tipo de brochuras estava no auge da moda, oferecendo à clientela um repertório eclético constituído por fados tipo Lisboa, temas no estilo da Canção de Coimbra e raríssimas canções populares. Na verdade, o título, em letras garrafais, apostava na publicidade enganosa ao anunciar "12 cantos populares". As melodias vendidas por Eduardo da Fonseca não eram recolhas folclóricas, mas sim repertório eclético urbano de autor, expressamente produzido para consumo urbano, formatado e tornado acessível através da harmonização para piano.
E se alguns autores tinham ficado anónimos, outros eram bem conhecidos do grande público como um Augusto Hilário, um Reynaldo Varela ou um Manassés de Lacerda. A prática da guitarra e dos temas de serenata conheceu nova vaga com a fundação da Universidade do Porto.
Pela década de 1920 mantinham-se activos diversos nomes, entre eles Luís Eloy da Silva e a formação do cantor Carlos Leal (com discos gravados). Por 1936/1937 actuava regularmente no Porto um grupo musical (Os Samedo), de cujo repertório faziam parte “Rendilheiras de Vila do Conde” e “À Meia Noite ao Luar”. O último espécime foi trazido para Coimbra por estudantes portuenses, por volta de 1937, e ali aclimatado localmente pelo cantor Manuel Simões Julião.
Quando em 7 de Dezembro de 1888 a Estudantina de Coimbra (Tuna) se deslocou ao Palácio de Cristal, uma banda de amadores locais brindou os tunos com uma serenata junto ao Hotel Universal.
O guitarrista, cantor e compositor Reinaldo Varela, nascido em Ponte de Lima no ano de 1867, domiciliou-se na cidade do Porto por volta de 1883, na qualidade de professor de instrumentos de corda, guitarrista e cantor. Aí viveu até cerca de 1900, altura em que passou a residir em Lisboa. Bem relacionado, presença assídua nas praias, termas, teatros e salões, Varela recordava ao periódico “A Canção de Portugal: O Fado”, nº 12, de 18 de Junho de 1916, que nas décadas de 1880 e 1890 se realizavam no Porto “serenatas afamadas”.
César das Neves, professor de música no Liceu da Ordem do Carmo, autor de um método de guitarra e recolector do “Cancioneiro de Músicas Populares” (1893-1895-1898), publicou em 1902 um “Compêndio de Musica, solfejo e canto coral para alunos de ambos os sexos” (Porto, Livraria Portuense de Lopes & Companhia, 1902), onde transcreve canções da sua própria autoria destinadas a serenatas (Canção Fluvial, Pôr do Sol, Crepúsculo).
Entre finais do século XIX (década de 1890) e a década de 1920, a casa portuense "Eduardo da Fonseca. Armazem de musica, pianos e outros instrumentos", sita na Praça de Carlos Alberto, nº 8, lançou no mercados profusas edições de partituras em folheto volante e em brochuras de 12 peças impressas. Estas edições podiam ser compradas localmente ou encomendadas através de cobrança postal, servindo clientelas do Porto, Coimbra, Lisboa, tunas rurais e urbanas, serenateiros, professores de música, orquestras ligeiras activa em casinos, ensaiadores provinciais de teatro amador e ambulante, filarmónicas e serões familiares ao piano.
Na 1ª série destaquemos a versão primitiva do "Fado Serenata do Hylario" (Ouvi dizer ao luar). Na 2ª série encontramos o "Fado das Três Horas" (Murmura, rio, murmura), e o "Fado Boémio" (Guitarra, minha guitarra) de Varela. A 3ª série integrava "Canção d'Amor" (Já cantam os trovadores), "Fado Monte Estoril" , "Fado Apuliense", "Fado Novo de Coimbra", "Pallidas Madrugadas", e "Fado de Braga". Este tipo de brochuras estava no auge da moda, oferecendo à clientela um repertório eclético constituído por fados tipo Lisboa, temas no estilo da Canção de Coimbra e raríssimas canções populares. Na verdade, o título, em letras garrafais, apostava na publicidade enganosa ao anunciar "12 cantos populares". As melodias vendidas por Eduardo da Fonseca não eram recolhas folclóricas, mas sim repertório eclético urbano de autor, expressamente produzido para consumo urbano, formatado e tornado acessível através da harmonização para piano.
E se alguns autores tinham ficado anónimos, outros eram bem conhecidos do grande público como um Augusto Hilário, um Reynaldo Varela ou um Manassés de Lacerda. A prática da guitarra e dos temas de serenata conheceu nova vaga com a fundação da Universidade do Porto.
Pela década de 1920 mantinham-se activos diversos nomes, entre eles Luís Eloy da Silva e a formação do cantor Carlos Leal (com discos gravados). Por 1936/1937 actuava regularmente no Porto um grupo musical (Os Samedo), de cujo repertório faziam parte “Rendilheiras de Vila do Conde” e “À Meia Noite ao Luar”. O último espécime foi trazido para Coimbra por estudantes portuenses, por volta de 1937, e ali aclimatado localmente pelo cantor Manuel Simões Julião.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
A Tuna Académica do Porto entre 1864 e 1909
Datam de 1864 as primeiras notícias de um agrupamento deste género no Porto.
Em 1890 a Tuna Académica do Porto, sob a direcção de Raul Laroze Rocha, apresenta-se em Salamanca e Madrid. Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela, sob a regência de Carlos Quilez.
Em 1899, participa nas comemorações do primeiro centenário do nascimento de Almeida Garrett, sob direcção de Henrique Carneiro. Passado um ano, em Janeiro de 1900, a Tuna instala-se na rua dos fogueteiros e da regência encarregam-se, sucessivamente, os maestros Sousa Morais e Costa Carregal. Apresenta-se em Março, perante a Academia do Porto, e efectua vários recitais em Lisboa. Em 1902 visita a Galiza, onde mais tarde tornará, em 1909, já sob a direcção de Prazeres Rodrigues. Entretanto é criado a 6 de Março de 1912 o "Orpheon Académico do Porto". Em 1913 a regência passa para Marcos António da Silva
A 6 de Fevereiro de 1881 é interpretado pela 1ª vez o "Hino Académico do Porto" do Dr. Aires Borges. Em 1909 sob a direcção de Prazeres, desloca-se à Galiza - a que se reporta a foto acima, datada desse ano e dessa mesma digressão.
Em carta enviada ao O.U.P. a 10 de Julho de 1959, por José Dórdio Rebocho Paes e publicada no jornal do Orfeão seguem as seguintes palavras e sobre essa mesma digressão à Galiza:
" Em 1891 havia aí no Porto três grupos musicais. O mais importante era a Tuna Académica de que eu fazia parte. O seu reportório não era muito vasto e cantava a "Gioconda", "Entreacto de Carmen", " Serenata de Gounod", "Serenata de Bandolim", etc etc. Fizeram-se grandes excursões a Braga, Viana do Castelo, Aveiro e Ílhavo. Deram-se vários concertos no Teatro Principe Real [1] tendo colaborado num destes Guerra Junqueiro, recitando versos seus no Palácio de Cristal, em matinée.
...em 1890 fez-se uma excursão a Salamanca e Madrid, que foi acompanhada por vários estudantes adidos de Lisboa e Coimbra. Tocamvam-se os dois hinos, o português e o espanhol e dois ou três pasacalles. A Viagem foi triunfal principalmente em Salamanca, o Teatro Eslava foi entusiaticamente aplaudido. Em Madrid não fomos tão bem recebidos pois e dizia que iamos lá por motivos politicos. No entanto houve reunião no Anfiteatro da Faculdade de Medicina, onde se discursou com entusiasmo e no hotel onde nos instalamos fomos cumprimentados por Salmeron [2].
Visitamos todas as faculdades, o Museu do Prado e houve um beberete "en honor de los estudiantes portugueses". Foi-nos oferecido pelo Dr. Esquizinho, neurologista distinto, um almoço no seu manicómio em Carabanchel, próximo de Madrid, correndo entusiásticamente."
A. da Costa refere no Jornal Porto Académico no artigo "Dos tempos que já lá vão" e sobre a digressão de 1909:
" Marcado o dia da largada, na hora da partida lá estavam todos na Estação de São Bento com os instrumentos, a bandeira da Tuna tufada de fitas cujo colorido era um grito de alegria no meio das Capas Negras daquela embaixada de aventura e da mais ridente gaia Lusitana. A viagem foi farta em peripécias e anedotas cheias de graça. Quando atravessamos a fronteira mais nenhum de nós falou português e a língua de Cervantes era "esfaqueada" a propósito de tudo e de nada [3]. Quando chegamos a S. Tiago de Compostela toda a cidade académica estava à nossa espera na estação e as saudações redobravam de entusiasmo, a que nós correspondiamos com todo o calor e vibração da alma portuguesa que levava à Galiza amiga o abraço generoso da gente de Portugal.
A Tuna formou a custo sob a regência do Prazeres e ao som dos acordes do Hino Académico rompeu a marcha pelas calles de Compostela entre vivas, palmas e flores a caminho do Ayuntamiento para cumprimentos ao Alcaide. Durante o percurso, das janelas e das varandas, as flores caíam sobre a Tuna, abriam-se sorrisos em bocas frescas das mulheres de Espanha; cobriam.se olhares de curiosidade e de ternura que faziam vibrar, sob as nossas Capas Negras, as nossas almas juvenis."
[1] Actualmente Teatro Sá da Bandeira.
[2] Nicolás Salmerón Alonso foi Presidente da então Republica Espanhola, em 1873.
[3] Curioso como nada se altera hoje em dia e olhando para trás.
Fonte: Contracapa do CD "Um Percurso".
Em 1890 a Tuna Académica do Porto, sob a direcção de Raul Laroze Rocha, apresenta-se em Salamanca e Madrid. Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela, sob a regência de Carlos Quilez.
Em 1899, participa nas comemorações do primeiro centenário do nascimento de Almeida Garrett, sob direcção de Henrique Carneiro. Passado um ano, em Janeiro de 1900, a Tuna instala-se na rua dos fogueteiros e da regência encarregam-se, sucessivamente, os maestros Sousa Morais e Costa Carregal. Apresenta-se em Março, perante a Academia do Porto, e efectua vários recitais em Lisboa. Em 1902 visita a Galiza, onde mais tarde tornará, em 1909, já sob a direcção de Prazeres Rodrigues. Entretanto é criado a 6 de Março de 1912 o "Orpheon Académico do Porto". Em 1913 a regência passa para Marcos António da Silva
A 6 de Fevereiro de 1881 é interpretado pela 1ª vez o "Hino Académico do Porto" do Dr. Aires Borges. Em 1909 sob a direcção de Prazeres, desloca-se à Galiza - a que se reporta a foto acima, datada desse ano e dessa mesma digressão.
Em carta enviada ao O.U.P. a 10 de Julho de 1959, por José Dórdio Rebocho Paes e publicada no jornal do Orfeão seguem as seguintes palavras e sobre essa mesma digressão à Galiza:
" Em 1891 havia aí no Porto três grupos musicais. O mais importante era a Tuna Académica de que eu fazia parte. O seu reportório não era muito vasto e cantava a "Gioconda", "Entreacto de Carmen", " Serenata de Gounod", "Serenata de Bandolim", etc etc. Fizeram-se grandes excursões a Braga, Viana do Castelo, Aveiro e Ílhavo. Deram-se vários concertos no Teatro Principe Real [1] tendo colaborado num destes Guerra Junqueiro, recitando versos seus no Palácio de Cristal, em matinée.
...em 1890 fez-se uma excursão a Salamanca e Madrid, que foi acompanhada por vários estudantes adidos de Lisboa e Coimbra. Tocamvam-se os dois hinos, o português e o espanhol e dois ou três pasacalles. A Viagem foi triunfal principalmente em Salamanca, o Teatro Eslava foi entusiaticamente aplaudido. Em Madrid não fomos tão bem recebidos pois e dizia que iamos lá por motivos politicos. No entanto houve reunião no Anfiteatro da Faculdade de Medicina, onde se discursou com entusiasmo e no hotel onde nos instalamos fomos cumprimentados por Salmeron [2].
Visitamos todas as faculdades, o Museu do Prado e houve um beberete "en honor de los estudiantes portugueses". Foi-nos oferecido pelo Dr. Esquizinho, neurologista distinto, um almoço no seu manicómio em Carabanchel, próximo de Madrid, correndo entusiásticamente."
A. da Costa refere no Jornal Porto Académico no artigo "Dos tempos que já lá vão" e sobre a digressão de 1909:
" Marcado o dia da largada, na hora da partida lá estavam todos na Estação de São Bento com os instrumentos, a bandeira da Tuna tufada de fitas cujo colorido era um grito de alegria no meio das Capas Negras daquela embaixada de aventura e da mais ridente gaia Lusitana. A viagem foi farta em peripécias e anedotas cheias de graça. Quando atravessamos a fronteira mais nenhum de nós falou português e a língua de Cervantes era "esfaqueada" a propósito de tudo e de nada [3]. Quando chegamos a S. Tiago de Compostela toda a cidade académica estava à nossa espera na estação e as saudações redobravam de entusiasmo, a que nós correspondiamos com todo o calor e vibração da alma portuguesa que levava à Galiza amiga o abraço generoso da gente de Portugal.
A Tuna formou a custo sob a regência do Prazeres e ao som dos acordes do Hino Académico rompeu a marcha pelas calles de Compostela entre vivas, palmas e flores a caminho do Ayuntamiento para cumprimentos ao Alcaide. Durante o percurso, das janelas e das varandas, as flores caíam sobre a Tuna, abriam-se sorrisos em bocas frescas das mulheres de Espanha; cobriam.se olhares de curiosidade e de ternura que faziam vibrar, sob as nossas Capas Negras, as nossas almas juvenis."
[1] Actualmente Teatro Sá da Bandeira.
[2] Nicolás Salmerón Alonso foi Presidente da então Republica Espanhola, em 1873.
[3] Curioso como nada se altera hoje em dia e olhando para trás.
Fonte: Contracapa do CD "Um Percurso".
quarta-feira, 14 de maio de 2008
A Tuna no Porto entre 1890 e 1910
É defensável que foi nos anos 80 do século XIX que surgiu, de facto, a Academia do Porto.
Já existiam antes nesta cidade estudantes do que pode chamar-se ensino superior, pelo menos desde a fundação da Real Academia de Marinha e Comércio em 1803. Há mesmo referências desde os meados do século a pensões de estudantes, a cafés ou outros locais frequentados por estudantes, o que indicia que eles já seriam, como seria de esperar, um (sub)grupo social.
Nos anos 80 os académicos portuenses têm iniciativas que mostram uma assunção da ideia de Academia do Porto: o Hino Académico do Porto, com letra de José Leite de Vasconcelos e música de Aires Borges, que parece ter sido estreado em 1881; a Tuna Académica do Porto ; a própria Capa e Batina.
Resulta mais ou menos pacífica a noção de que a 1ª viagem de uma Tuna portuguesa, no caso a Espanha, foi realizada pela Tuna Académica do Porto, sob a direcção então de Raúl Laroze Rocha, que teve por destino Salamanca e Madrid, no ano de 1890 (e não em 1891 como é erroneamente dito em alguns quadrantes). Note-se que o ambiente vivido então na Academia do Porto, à época, correspondia a um fulgor sem par e sob aquela que ficou conhecida como a Geração do Ultimatum, conforme se pode atestar pelo texto abaixo:
"A Academia do meu tempo era convicta e entusiasticamente republicana, sob o impulso duma fé ardente nos destinos gloriosos da Pátria, mas a sua intervenção, mais teórica do que prática, mais de reacção do que de acção, era essencialmente doutrinária e evolutiva. [...]Estava eu no meu 2º ano médico quando se desencadeou, em 1889, o chamado movimento do Ultimatum que nascido gloriosamente na Academia do Porto rápido alastrou pelas demais Academias, numa onda de brio, de exaltação e de redenção." (fim de citação).
Trata-se aqui de uma referência à Liga Patriótica do Norte, segundo Rui Ramos "uma mistura de estudantes das escolas superiores do Porto, todos muito extremistas, de jornalistas republicanos e de muitas notabilidades locais do Partido Progressista". A Liga era uma das manifestações de revolta contra a cedência do governo português ao célebre ultimato britânico sobre o "Mapa Cor-de-rosa". Inicialmente dirigida por Reis Santos, Antero de Quental foi rapidamente eleito seu presidente. [ Cf. Rui Ramos, A Segunda Fundação (1890-1926) (6.º volume de José Mattoso (dir.), História de Portugal), s.l., Círculo de Leitores, 1994, págs. 43, 182, 301.]
Foi nesta época que nasceu de facto - embora careça de estudo mais aturado - a noção de Academia do Porto. Curiosamente é neste frenesim patriótico em que vivia a Academia que surgem provas inequívocas da participação tunante e estudantil no movimento anti-Ultimatum como atesta a capa da pauta do pasacalle “Amor da Pátria”, “Brinde aos Académicos do Porto” (referência ao movimento do Ultimatum), de Eduardo da Fonseca, que apresenta um desenho com vários estudantes de Capa e Batina.
O Jornal de Salamanca "El Adelanto" recebeu a 2 de Abril de 1890 o seguinte telegrama oriundo do Porto:
"Cien delegados academia portuguesa llegan á Salamanca el siete Abril y van tratar federación escolar de la península. Los miembros del Directorio de la Federación Académica portuguesa, Silvestre Falcao, Hyginio Sousa - Reis Santos. »
Como ven nuestros lectores por el telegrama anterior, es ya oficial la noticia de la visita que nos harán los estudiantes portugueses. Esperamos que Salamanca, observe en este acto la conducta que aconseja nuestra hidalguía y la reciprocidad, en los obsequios que los estudiantes españoles han recibido en Portugal. Creemos que todos los elementos de Salamanca y la masa del pueblo en general saludarán con el afecto que se merecen nuestros vecinos. En ello no está solo interesado el cuerpo escolar, sino España entera (...) " (fim de citação)
O mesmo Jornal informa a 5 de abril de 1890 , na página dois do mesmo que " Esta tarde á las dos y media, se reunirán en la cátedra de Fray Luis de León de esta Universidad, los estudiantes de las distintas facultades é instituto, con el fin de acordar los detalles del recibimiento, que han de hacer á sus compañeros los estudiantes de Portugal.
O periódico " El Fomento" informa, por sua vez, a 7 de abril de 1890 na 1ª página e página dois:
"Los estudiantes portugueses han anunciado su visita á los españoles en el siguiente mensaje:
«Camaradas: Después del insulto lanzado por Inglaterra á la faz del honrado Portugal, los estudiantes portugueses, alzados en un movimiento de patriótica protesta, recibieron de sus colegas de Europa las más gratas pruebas de adhesión y simpatía. Entre todos, se distinguieron como siempre, por la espontaneidad conque nos brindaron su concurso, los hijos de la hidalga España, algunos de los cuales, trasponiendo la frontera, vinieron á traernos un abrazo fraternal y á confirmarnos su solidaridad cariñosa. Desde entonces fué constante deseo para los estudiantes de Oporto el manifestar su gratitud á los caballerescos colegas españoles; pero ocupados en los trabajos de la federación académica portuguesa, no han podido hasta ahora determinar y anunciar su visita á las Universidades de Salamanca y Madrid. El numeroso grupo que se dispone á estrechar todo lo posible las ya cordiales relaciones entre los universitarios de la Península sale el lúnes 7 de este mes para Salamanca, de donde pasará á Madrid tras una corta demora. Contando de antemano con vuestra adhesión, os pedimos que presteis apoyo á la comisión de la estudiantina que llegará á Madrid el día 9 por la mañana. El presidente de la comisión de propaganda de La Academia de Oporto.- Jerónimo Moreira.»
"Anoche presenciamos en el teatro del Liceo el espectáculo más hermoso que podíamos imaginar. Se deslizaba la función tranquilamente, y sin un aviso que lo anunciará, presentóse en la sala la comisión que precede á los estudiantes portugueses, y expontáneamente, con el mayor entusiasmo, el numeroso público se levantó y saludó con ardorosos vivas á la juventud portuguesa. La representación se suspendió, pero el espectáculo resultó más brillante. Los estudiantes portugueses, presentados por el señor Huebra, aparecieron en un palco, y desde allí dirigieron la palabra al público, produciendo delirante entusiasmo, que se manifestaba con vítores á Portugal, á España y á la federación ibérica. Después continuó la función saliendo el público vivamente impresionado, que en su mayor parte acompañó á los estudiantes hasta la Fonda del Comercio." (fim de citação)
Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela, sob a regência de Carlos Quilez. Em 1898 esteve a Estudantina Académica do Porto em Salamanca.
Em 1899, participa nas comemorações do primeiro centenário do nascimento de Almeida Garrett, sob direcção de Henrique Carneiro. Passado um ano, em Janeiro de 1900, a Tuna instala-se na rua dos fogueteiros e da regência encarregam-se, sucessivamente, os maestros Sousa Morais e Costa Carregal.
Apresenta-se em Março, perante a Academia do Porto, e efectua vários recitais em Lisboa. Em 1902 visita a Galiza, onde mais tarde tornará, em 1909, já sob a direcção de Prazeres Rodrigues.
Faziam parte do reportório, entre outros, a "Serenata de Gounod", A Gioconda e Entreacto da "Carmen".
Em 1905 a Tuna Escolar do Porto realizou nova viagem com o intuito de através dos seus concertos recolher fundos com vista à criação de uma biblioteca para estudantes pobres, voltando a repetir a digressão com o mesmo intuito em 1908. No decurso desta visita deram-se algumas altercações motivadas pela falta de liquidez na hora de pagar um carro e por uma divida deixada num hotel da cidade.
Fontes:
Roberto Martinez del Rio
http://www.geocities.com/portoacademico/
http://www.oup.pt/
Já existiam antes nesta cidade estudantes do que pode chamar-se ensino superior, pelo menos desde a fundação da Real Academia de Marinha e Comércio em 1803. Há mesmo referências desde os meados do século a pensões de estudantes, a cafés ou outros locais frequentados por estudantes, o que indicia que eles já seriam, como seria de esperar, um (sub)grupo social.
Nos anos 80 os académicos portuenses têm iniciativas que mostram uma assunção da ideia de Academia do Porto: o Hino Académico do Porto, com letra de José Leite de Vasconcelos e música de Aires Borges, que parece ter sido estreado em 1881; a Tuna Académica do Porto ; a própria Capa e Batina.
Resulta mais ou menos pacífica a noção de que a 1ª viagem de uma Tuna portuguesa, no caso a Espanha, foi realizada pela Tuna Académica do Porto, sob a direcção então de Raúl Laroze Rocha, que teve por destino Salamanca e Madrid, no ano de 1890 (e não em 1891 como é erroneamente dito em alguns quadrantes). Note-se que o ambiente vivido então na Academia do Porto, à época, correspondia a um fulgor sem par e sob aquela que ficou conhecida como a Geração do Ultimatum, conforme se pode atestar pelo texto abaixo:
"A Academia do meu tempo era convicta e entusiasticamente republicana, sob o impulso duma fé ardente nos destinos gloriosos da Pátria, mas a sua intervenção, mais teórica do que prática, mais de reacção do que de acção, era essencialmente doutrinária e evolutiva. [...]Estava eu no meu 2º ano médico quando se desencadeou, em 1889, o chamado movimento do Ultimatum que nascido gloriosamente na Academia do Porto rápido alastrou pelas demais Academias, numa onda de brio, de exaltação e de redenção." (fim de citação).
Trata-se aqui de uma referência à Liga Patriótica do Norte, segundo Rui Ramos "uma mistura de estudantes das escolas superiores do Porto, todos muito extremistas, de jornalistas republicanos e de muitas notabilidades locais do Partido Progressista". A Liga era uma das manifestações de revolta contra a cedência do governo português ao célebre ultimato britânico sobre o "Mapa Cor-de-rosa". Inicialmente dirigida por Reis Santos, Antero de Quental foi rapidamente eleito seu presidente. [ Cf. Rui Ramos, A Segunda Fundação (1890-1926) (6.º volume de José Mattoso (dir.), História de Portugal), s.l., Círculo de Leitores, 1994, págs. 43, 182, 301.]
Foi nesta época que nasceu de facto - embora careça de estudo mais aturado - a noção de Academia do Porto. Curiosamente é neste frenesim patriótico em que vivia a Academia que surgem provas inequívocas da participação tunante e estudantil no movimento anti-Ultimatum como atesta a capa da pauta do pasacalle “Amor da Pátria”, “Brinde aos Académicos do Porto” (referência ao movimento do Ultimatum), de Eduardo da Fonseca, que apresenta um desenho com vários estudantes de Capa e Batina.
O Jornal de Salamanca "El Adelanto" recebeu a 2 de Abril de 1890 o seguinte telegrama oriundo do Porto:
"Cien delegados academia portuguesa llegan á Salamanca el siete Abril y van tratar federación escolar de la península. Los miembros del Directorio de la Federación Académica portuguesa, Silvestre Falcao, Hyginio Sousa - Reis Santos. »
Como ven nuestros lectores por el telegrama anterior, es ya oficial la noticia de la visita que nos harán los estudiantes portugueses. Esperamos que Salamanca, observe en este acto la conducta que aconseja nuestra hidalguía y la reciprocidad, en los obsequios que los estudiantes españoles han recibido en Portugal. Creemos que todos los elementos de Salamanca y la masa del pueblo en general saludarán con el afecto que se merecen nuestros vecinos. En ello no está solo interesado el cuerpo escolar, sino España entera (...) " (fim de citação)
O mesmo Jornal informa a 5 de abril de 1890 , na página dois do mesmo que " Esta tarde á las dos y media, se reunirán en la cátedra de Fray Luis de León de esta Universidad, los estudiantes de las distintas facultades é instituto, con el fin de acordar los detalles del recibimiento, que han de hacer á sus compañeros los estudiantes de Portugal.
O periódico " El Fomento" informa, por sua vez, a 7 de abril de 1890 na 1ª página e página dois:
"Los estudiantes portugueses han anunciado su visita á los españoles en el siguiente mensaje:
«Camaradas: Después del insulto lanzado por Inglaterra á la faz del honrado Portugal, los estudiantes portugueses, alzados en un movimiento de patriótica protesta, recibieron de sus colegas de Europa las más gratas pruebas de adhesión y simpatía. Entre todos, se distinguieron como siempre, por la espontaneidad conque nos brindaron su concurso, los hijos de la hidalga España, algunos de los cuales, trasponiendo la frontera, vinieron á traernos un abrazo fraternal y á confirmarnos su solidaridad cariñosa. Desde entonces fué constante deseo para los estudiantes de Oporto el manifestar su gratitud á los caballerescos colegas españoles; pero ocupados en los trabajos de la federación académica portuguesa, no han podido hasta ahora determinar y anunciar su visita á las Universidades de Salamanca y Madrid. El numeroso grupo que se dispone á estrechar todo lo posible las ya cordiales relaciones entre los universitarios de la Península sale el lúnes 7 de este mes para Salamanca, de donde pasará á Madrid tras una corta demora. Contando de antemano con vuestra adhesión, os pedimos que presteis apoyo á la comisión de la estudiantina que llegará á Madrid el día 9 por la mañana. El presidente de la comisión de propaganda de La Academia de Oporto.- Jerónimo Moreira.»
"Anoche presenciamos en el teatro del Liceo el espectáculo más hermoso que podíamos imaginar. Se deslizaba la función tranquilamente, y sin un aviso que lo anunciará, presentóse en la sala la comisión que precede á los estudiantes portugueses, y expontáneamente, con el mayor entusiasmo, el numeroso público se levantó y saludó con ardorosos vivas á la juventud portuguesa. La representación se suspendió, pero el espectáculo resultó más brillante. Los estudiantes portugueses, presentados por el señor Huebra, aparecieron en un palco, y desde allí dirigieron la palabra al público, produciendo delirante entusiasmo, que se manifestaba con vítores á Portugal, á España y á la federación ibérica. Después continuó la función saliendo el público vivamente impresionado, que en su mayor parte acompañó á los estudiantes hasta la Fonda del Comercio." (fim de citação)
Mais tarde, no Carnaval de 1897, realiza nova digressão a Espanha, apresentando-se em Santiago de Compostela, sob a regência de Carlos Quilez. Em 1898 esteve a Estudantina Académica do Porto em Salamanca.
Em 1899, participa nas comemorações do primeiro centenário do nascimento de Almeida Garrett, sob direcção de Henrique Carneiro. Passado um ano, em Janeiro de 1900, a Tuna instala-se na rua dos fogueteiros e da regência encarregam-se, sucessivamente, os maestros Sousa Morais e Costa Carregal.
Apresenta-se em Março, perante a Academia do Porto, e efectua vários recitais em Lisboa. Em 1902 visita a Galiza, onde mais tarde tornará, em 1909, já sob a direcção de Prazeres Rodrigues.
Faziam parte do reportório, entre outros, a "Serenata de Gounod", A Gioconda e Entreacto da "Carmen".
Em 1905 a Tuna Escolar do Porto realizou nova viagem com o intuito de através dos seus concertos recolher fundos com vista à criação de uma biblioteca para estudantes pobres, voltando a repetir a digressão com o mesmo intuito em 1908. No decurso desta visita deram-se algumas altercações motivadas pela falta de liquidez na hora de pagar um carro e por uma divida deixada num hotel da cidade.
Fontes:
Roberto Martinez del Rio
http://www.geocities.com/portoacademico/
http://www.oup.pt/
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Sobre o Traje Académico na Academia do Porto
Retirado do fantástico site http://www.geocities.com/portoacademico/ segue-se uma resenha histórica que mais do que a abordagem ao Traje, passa por dados históricos importantes e devidamente comprovados sobre a própria Academia.
"O governo saído da Revolução de Setembro de 1836, através do seu Ministro do Reino, Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), procedeu a uma das mais profundas reformas na história do ensino em Portugal. Deve-se a essas reformas a multiplicação das "academias" no nosso país na segunda metade do século XIX. "
De facto, foi Passos Manuel quem criou, em 1836/37, a Academia Politécnica do Porto, a Escola Politécnica de Lisboa, as Escolas Médico-Cirúrgicas do Porto e Lisboa, as Academias de Belas-Artes destas cidades e (pelo menos "no papel") os liceus, nas capitais de distrito. Estas escolas, à excepção dos liceus, baseavam-se em pequenas escolas já existentes. Mas foram estas reformas que, para além de ampliarem o âmbito dos seus estudos, permitiram o aumento do número dos seus alunos, o que levou ao aparecimento de comunidades académicas (i.e., academias) em Lisboa e Porto. Os liceus, por outro lado, foram sendo instituídos na prática muito lentamente, mas cada novo liceu, fora de Lisboa, Porto e Coimbra, trazia uma nova população estudantil numa nova cidade, i.e., uma nova academia.
Em diferentes momentos até à I República estas novas academias foram adoptando diversas tradições associadas à Universidade de Coimbra, nomeadamente a Capa e Batina. Já se tentou explicar isto pelo seguinte facto: até 1880 o Liceu de Coimbra esteve dependente da Universidade e consequentemente os seus alunos eram obrigados a usar Capa e Batina. Assim, o Liceu de Coimbra teria influenciado os outros liceus no traje.
Mas esta teoria não explica o caso do Porto, em que parecem ter sido as escolas superiores a começar a usar a Capa e Batina. É mais verosímil que a influência tenha vindo directamente da Universidade de Coimbra, da imagem romântica e algo mítica do estudante de Coimbra, que os estudantes do resto do país admirariam e na qual quereriam participar. No caso do Porto (e no de Lisboa) existiria possivelmente mais uma motivação: as escolas superiores de Lisboa e do Porto eram, à partida, inferiores à Universidade, pelo simples facto de não serem universitárias (principalmente as do Porto, longe do Terreiro do Paço). E isto apesar de o seu ensino não ser de tipo essencialmente diferente do universitário. As Escolas Médico-Cirúrgicas eram, aliás, concorrentes directas da Faculdade de Medicina de Coimbra.
Neste contexto, em Novembro de 1858, os estudantes da Academia Politécnica pedem ao governo para usar Capa e Batina, tal como os seus colegas da Universidade de Coimbra. Será talvez pertinente notar que por essa altura a Academia Politécnica começava a sair dum período de intensos ataques por parte do poder central, em que se chegou a propôr a sua extinção, e ainda em 1863 se propunha uma reforma pela qual na prática se tornaria uma escola de Engenharia de Minas (e nada mais!).
Não consta, no entanto, que o Governo tenha aceite o pedido, ou que algum estudante da Politécnica tenha usado a Capa e Batina nesta altura.
A primazia caberia a um grupo de estudantes da Escola Médico-Cirúrgica, 30 anos mais tarde. Uma outra geração. Mas que geração? Sem dúvida uma geração bastante activa a nível académico e a nível político. A geração do Ultimatum.
Mas até que ponto se impôs a Capa e Batina no Porto, no período até aos primeiros anos da República? É difícil dizer. Não há grande informação escrita que caracterize o seu uso nesta altura. Há algumas indicações de uso:
- A capa da pauta do pasacalle “Amor da Pátria”, “Brinde aos Académicos do Porto” (referência ao movimento do Ultimatum), de Eduardo da Fonseca, apresenta um desenho com vários estudantes, de Capa e Batina.
- Em 1891 a quintanista de Medicina Maria Paes Moreira aparece numa fotografia de final de curso com um vestido (aparentemente negro) e uma capa de estudante traçada "à tricana".
- Em 1895 o Conselho Escolar da Academia Politécnica discute o pedido dos alunos das Escolas Superiores para ser decretado o uso obrigatório da capa e batina. O Conselho decide considerar o vestuário dos alunos indiferente.
- Há fotografias de turmas do Liceu em que todos os alunos aparecem de Capa e Batina.
- As fotografias da Tuna de 1897 e 1909 e um desenho de tunos (?) de 1902 mostram os tunos de Capa e Batina.
O que se pode concluir? Concerteza a adopção do simbolismo da Capa e Batina, com consequente uso por parte de organismos académicos como a Tuna; mas as fotografias dos finalistas da Médica parecem indicar pouco uso efectivo. De qualquer forma parece poder concluir-se sem grande perigo que a Capa e Batina era muito mais usada no Liceu do que na Médica. Quanto às outras escolas...?
Façamos aqui um parêntesis para notar que os estudantes que usavam nesta época a Capa e Batina no Porto acompanhavam as modificações que se faziam sentir em Coimbra . É notória a diferença entre o traje académico que se vê na pauta do pasa-calle Amor da Pátria (em 1890) e aquele que os orfeonistas adoptaram (em 1912). Quanto às imagens destes últimos, espelham bem a falta de "normalização" da Capa e Batina no início da República.
Voltanto à questão do maior ou menor uso da Capa e Batina, já vimos que no início da República se tinha atingido um ponto muito baixo. No entanto as condições iam-se modificando, de maneira a incentivar esse uso: em 1911 é fundada a Associação dos Estudantes do Porto, em 1912 o Orfeão Académico do Porto. De uma maneira geral, a vida académica ia-se enriquecendo. Em Março de 1916:
"Sem prévia consulta à Academia de Coimbra, os estudantes universitários do Porto resolveram, por maioria, usar capa e batina e uma fita na lapela, da cor da respectiva Faculdade."
Assim, o aumento do uso da Capa e Batina parece ter sido desencadeado por uma decisão da maioria dos estudantes da Universidade (em Assembleia Magna?), conjugada com a imposição aos caloiros do acatamento dessa decisão. Mas é claro que se não houvesse condições propícias esse aumento seria transitório e passado um ou dois anos (ou talvez um ou dois meses...) a Capa e Batina estaria outra vez esquecida.
A verdade é que essas condições propícias existiam, e nos anos 20 já não eram invocadas nem a decisão de 1916 nem a "legislação muito bem inspirada".
A geração dos anos 20 foi a vários títulos excepcional, e essa década pode ser considerada a Idade de Ouro da Academia do Porto. Os estudantes da altura tinham consciência de um crescendo de actividade da Academia:
"O uso da capa e batina que [...] tanto se tem vulgarizado entre nós é uma prova bem eloquente de que a nossa Academia procura ressurgir, elevar-se, e consegui-lo-á, disso estou plenamente convencido, exactamente porque para o conseguir emprega todo o entusiasmo, toda a vitalidade da sua alma moça. [Uma homenagem aos poveiros ...], a reorganização da Associação dos Estudantes [...], a criação deste jornal [Porto Académico...], a criação do Orfeon e Tuna [...], essa gloriosa jornada a Madrid [...], a realização do próximo festival e cortejo carnavalesco, a celeuma que produziu determinada ceia oferecida aos representantes das academias que ultimamente nos visitaram, o grande interesse e discussão que têm despertado as próximas eleições da Associação [são] tantas outras provas da vitalidade da nossa Mocidade académica [...]. A Academia do Porto ressurge hoje daquela apatia para a qual a lançou esse tremendo conflito europeu que não poupou classes nem ideais."
De qualquer forma, dois factos são certos:
1- fosse por iniciativa de uns poucos ou não, a Academia "mexia-se". Noutras épocas, ou esses poucos não existiram, ou a Academia não esteve disposta a segui-los.
2- a generalidade dos estudantes tinha a noção, certa ou errada, de viver um momento alto na Academia. Muitos textos posteriores desses estudantes, de recordações, nos dão conta desse facto. Claro que essas recordações costumam ser exageradas. Todos dizem "bons tempos, aqueles!". Mas as da década de 20 são em maior quantidade e mais entusiastas que as de qualquer outra época.
O uso intensivo da Capa e batina está intimamente associado a este apogeu da Academia do Porto. Assim, o dr. Amândio Marques podia dizer "todos nós usávamos capa e batina" ou (mais à frente no mesmo texto) "eu sempre de capa e batina - nunca conheci outro traje", e o jornal Porto Académico podia usar e abusar de expressões como "capas negras românticas", referindo-se tão somente aos estudantes do Porto.
Complementando agora (pois já é possível) com testemunhos orais de contemporâneos, podemos citar o Dr. Serafim Oliveira (estudante da Faculdade de Ciências entre 1927 e 1932, tio-avô do autor), segundo o qual no seu tempo não "íamos a nenhum acto da Faculdade sem ser de Capa e Batina"; ou Fernando Lencart (aluno do Liceu Alexandre Herculano por volta de 1930) que diz que nesse liceu "havia poucos estudantes à futrica"; ou a família do dr. António Correia de Melo (nascido em 1913, também tio-avô do autor) segundo a qual este começou a usar Capa e Batina aos 15 anos (no Liceu Alexandre Herculano), todos os dias, porque os pais não tinham grandes possibilidades financeiras e a Capa e Batina representava uma economia substancial, usando diariamente a mesma roupa sem fazer má figura.
Podemos imaginar o académico do Porto desta época usando por norma o Traje Académico. Ao simbolismo da Capa e Batina, que há muito se tinha importado de Coimbra, vem juntar-se um uso efectivo, quotidiano, o que torna a Capa e Batina identificativa também do estudante portuense.
Depois desses "gloriosos" anos 20, vieram uns anos 30 de nítido recuo na vivência académica portuense. Diversas razões contribuíram para isso: em 1928 a Faculdade de Letras (politicamente indesejável) é extinta pelo governo da Ditadura (continuaria a funcionar até 1932 só para permitir aos alunos inscritos que terminassem os seus cursos); o Orfeão e a Tuna desaparecem em 1930, no rescaldo de sérios confrontos entre estudantes e a polícia, de que resultou a morte de um académico; o Porto Académico deixa de se publicar também nesse ano de 1930; a Associação Académica é extinta por despacho ministerial de 24 de Novembro de 1932. Os organismos que tinham sido os grande bastiões da vida académica, e até uma das cinco faculdades da Universidade, desapareciam.
Fonte: Porto Académico
"O governo saído da Revolução de Setembro de 1836, através do seu Ministro do Reino, Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), procedeu a uma das mais profundas reformas na história do ensino em Portugal. Deve-se a essas reformas a multiplicação das "academias" no nosso país na segunda metade do século XIX. "
De facto, foi Passos Manuel quem criou, em 1836/37, a Academia Politécnica do Porto, a Escola Politécnica de Lisboa, as Escolas Médico-Cirúrgicas do Porto e Lisboa, as Academias de Belas-Artes destas cidades e (pelo menos "no papel") os liceus, nas capitais de distrito. Estas escolas, à excepção dos liceus, baseavam-se em pequenas escolas já existentes. Mas foram estas reformas que, para além de ampliarem o âmbito dos seus estudos, permitiram o aumento do número dos seus alunos, o que levou ao aparecimento de comunidades académicas (i.e., academias) em Lisboa e Porto. Os liceus, por outro lado, foram sendo instituídos na prática muito lentamente, mas cada novo liceu, fora de Lisboa, Porto e Coimbra, trazia uma nova população estudantil numa nova cidade, i.e., uma nova academia.
Em diferentes momentos até à I República estas novas academias foram adoptando diversas tradições associadas à Universidade de Coimbra, nomeadamente a Capa e Batina. Já se tentou explicar isto pelo seguinte facto: até 1880 o Liceu de Coimbra esteve dependente da Universidade e consequentemente os seus alunos eram obrigados a usar Capa e Batina. Assim, o Liceu de Coimbra teria influenciado os outros liceus no traje.
Mas esta teoria não explica o caso do Porto, em que parecem ter sido as escolas superiores a começar a usar a Capa e Batina. É mais verosímil que a influência tenha vindo directamente da Universidade de Coimbra, da imagem romântica e algo mítica do estudante de Coimbra, que os estudantes do resto do país admirariam e na qual quereriam participar. No caso do Porto (e no de Lisboa) existiria possivelmente mais uma motivação: as escolas superiores de Lisboa e do Porto eram, à partida, inferiores à Universidade, pelo simples facto de não serem universitárias (principalmente as do Porto, longe do Terreiro do Paço). E isto apesar de o seu ensino não ser de tipo essencialmente diferente do universitário. As Escolas Médico-Cirúrgicas eram, aliás, concorrentes directas da Faculdade de Medicina de Coimbra.
Neste contexto, em Novembro de 1858, os estudantes da Academia Politécnica pedem ao governo para usar Capa e Batina, tal como os seus colegas da Universidade de Coimbra. Será talvez pertinente notar que por essa altura a Academia Politécnica começava a sair dum período de intensos ataques por parte do poder central, em que se chegou a propôr a sua extinção, e ainda em 1863 se propunha uma reforma pela qual na prática se tornaria uma escola de Engenharia de Minas (e nada mais!).
Não consta, no entanto, que o Governo tenha aceite o pedido, ou que algum estudante da Politécnica tenha usado a Capa e Batina nesta altura.
A primazia caberia a um grupo de estudantes da Escola Médico-Cirúrgica, 30 anos mais tarde. Uma outra geração. Mas que geração? Sem dúvida uma geração bastante activa a nível académico e a nível político. A geração do Ultimatum.
Mas até que ponto se impôs a Capa e Batina no Porto, no período até aos primeiros anos da República? É difícil dizer. Não há grande informação escrita que caracterize o seu uso nesta altura. Há algumas indicações de uso:
- A capa da pauta do pasacalle “Amor da Pátria”, “Brinde aos Académicos do Porto” (referência ao movimento do Ultimatum), de Eduardo da Fonseca, apresenta um desenho com vários estudantes, de Capa e Batina.
- Em 1891 a quintanista de Medicina Maria Paes Moreira aparece numa fotografia de final de curso com um vestido (aparentemente negro) e uma capa de estudante traçada "à tricana".
- Em 1895 o Conselho Escolar da Academia Politécnica discute o pedido dos alunos das Escolas Superiores para ser decretado o uso obrigatório da capa e batina. O Conselho decide considerar o vestuário dos alunos indiferente.
- Há fotografias de turmas do Liceu em que todos os alunos aparecem de Capa e Batina.
- As fotografias da Tuna de 1897 e 1909 e um desenho de tunos (?) de 1902 mostram os tunos de Capa e Batina.
O que se pode concluir? Concerteza a adopção do simbolismo da Capa e Batina, com consequente uso por parte de organismos académicos como a Tuna; mas as fotografias dos finalistas da Médica parecem indicar pouco uso efectivo. De qualquer forma parece poder concluir-se sem grande perigo que a Capa e Batina era muito mais usada no Liceu do que na Médica. Quanto às outras escolas...?
Façamos aqui um parêntesis para notar que os estudantes que usavam nesta época a Capa e Batina no Porto acompanhavam as modificações que se faziam sentir em Coimbra . É notória a diferença entre o traje académico que se vê na pauta do pasa-calle Amor da Pátria (em 1890) e aquele que os orfeonistas adoptaram (em 1912). Quanto às imagens destes últimos, espelham bem a falta de "normalização" da Capa e Batina no início da República.
Voltanto à questão do maior ou menor uso da Capa e Batina, já vimos que no início da República se tinha atingido um ponto muito baixo. No entanto as condições iam-se modificando, de maneira a incentivar esse uso: em 1911 é fundada a Associação dos Estudantes do Porto, em 1912 o Orfeão Académico do Porto. De uma maneira geral, a vida académica ia-se enriquecendo. Em Março de 1916:
"Sem prévia consulta à Academia de Coimbra, os estudantes universitários do Porto resolveram, por maioria, usar capa e batina e uma fita na lapela, da cor da respectiva Faculdade."
Assim, o aumento do uso da Capa e Batina parece ter sido desencadeado por uma decisão da maioria dos estudantes da Universidade (em Assembleia Magna?), conjugada com a imposição aos caloiros do acatamento dessa decisão. Mas é claro que se não houvesse condições propícias esse aumento seria transitório e passado um ou dois anos (ou talvez um ou dois meses...) a Capa e Batina estaria outra vez esquecida.
A verdade é que essas condições propícias existiam, e nos anos 20 já não eram invocadas nem a decisão de 1916 nem a "legislação muito bem inspirada".
A geração dos anos 20 foi a vários títulos excepcional, e essa década pode ser considerada a Idade de Ouro da Academia do Porto. Os estudantes da altura tinham consciência de um crescendo de actividade da Academia:
"O uso da capa e batina que [...] tanto se tem vulgarizado entre nós é uma prova bem eloquente de que a nossa Academia procura ressurgir, elevar-se, e consegui-lo-á, disso estou plenamente convencido, exactamente porque para o conseguir emprega todo o entusiasmo, toda a vitalidade da sua alma moça. [Uma homenagem aos poveiros ...], a reorganização da Associação dos Estudantes [...], a criação deste jornal [Porto Académico...], a criação do Orfeon e Tuna [...], essa gloriosa jornada a Madrid [...], a realização do próximo festival e cortejo carnavalesco, a celeuma que produziu determinada ceia oferecida aos representantes das academias que ultimamente nos visitaram, o grande interesse e discussão que têm despertado as próximas eleições da Associação [são] tantas outras provas da vitalidade da nossa Mocidade académica [...]. A Academia do Porto ressurge hoje daquela apatia para a qual a lançou esse tremendo conflito europeu que não poupou classes nem ideais."
De qualquer forma, dois factos são certos:
1- fosse por iniciativa de uns poucos ou não, a Academia "mexia-se". Noutras épocas, ou esses poucos não existiram, ou a Academia não esteve disposta a segui-los.
2- a generalidade dos estudantes tinha a noção, certa ou errada, de viver um momento alto na Academia. Muitos textos posteriores desses estudantes, de recordações, nos dão conta desse facto. Claro que essas recordações costumam ser exageradas. Todos dizem "bons tempos, aqueles!". Mas as da década de 20 são em maior quantidade e mais entusiastas que as de qualquer outra época.
O uso intensivo da Capa e batina está intimamente associado a este apogeu da Academia do Porto. Assim, o dr. Amândio Marques podia dizer "todos nós usávamos capa e batina" ou (mais à frente no mesmo texto) "eu sempre de capa e batina - nunca conheci outro traje", e o jornal Porto Académico podia usar e abusar de expressões como "capas negras românticas", referindo-se tão somente aos estudantes do Porto.
Complementando agora (pois já é possível) com testemunhos orais de contemporâneos, podemos citar o Dr. Serafim Oliveira (estudante da Faculdade de Ciências entre 1927 e 1932, tio-avô do autor), segundo o qual no seu tempo não "íamos a nenhum acto da Faculdade sem ser de Capa e Batina"; ou Fernando Lencart (aluno do Liceu Alexandre Herculano por volta de 1930) que diz que nesse liceu "havia poucos estudantes à futrica"; ou a família do dr. António Correia de Melo (nascido em 1913, também tio-avô do autor) segundo a qual este começou a usar Capa e Batina aos 15 anos (no Liceu Alexandre Herculano), todos os dias, porque os pais não tinham grandes possibilidades financeiras e a Capa e Batina representava uma economia substancial, usando diariamente a mesma roupa sem fazer má figura.
Podemos imaginar o académico do Porto desta época usando por norma o Traje Académico. Ao simbolismo da Capa e Batina, que há muito se tinha importado de Coimbra, vem juntar-se um uso efectivo, quotidiano, o que torna a Capa e Batina identificativa também do estudante portuense.
Depois desses "gloriosos" anos 20, vieram uns anos 30 de nítido recuo na vivência académica portuense. Diversas razões contribuíram para isso: em 1928 a Faculdade de Letras (politicamente indesejável) é extinta pelo governo da Ditadura (continuaria a funcionar até 1932 só para permitir aos alunos inscritos que terminassem os seus cursos); o Orfeão e a Tuna desaparecem em 1930, no rescaldo de sérios confrontos entre estudantes e a polícia, de que resultou a morte de um académico; o Porto Académico deixa de se publicar também nesse ano de 1930; a Associação Académica é extinta por despacho ministerial de 24 de Novembro de 1932. Os organismos que tinham sido os grande bastiões da vida académica, e até uma das cinco faculdades da Universidade, desapareciam.
Fonte: Porto Académico
domingo, 23 de março de 2008
O Porquê deste retrato genético à Tuna da Academia do Porto
É este projecto algo que estava em carteira já há algum tempo, devo agora confessar.
Como bem diz João Caramalho Domingues no seu site Porto Académico "Um dos grandes defeitos das tradições académicas portuenses é a falta de memória." (fim citação).
À falta de um repositório historicamente delineado, devidamente compilado num único local e resultado de inúmeras investigações feitas de há 16 anos a esta parte, resolvi aliar esse mesmo trabalho em razão da experiência in loco, de forma a compilar os dados mais importantes e relevantes que contribuiram para a formação da noção Tuna universitária na Academia do Porto desde o surgimento do primeiro agrupamento, sua génese histórica e social, suas implicações a nivel da Academia, sua envolvente no panorama local e nacional, bem como internacional, entre outros pontos quentes que subsidiam o surgimento e ressurgimento mais recente do fenómeno Tuna universitária na cidade e na Academia do Porto, noção ultima esta em plena evolução principalmente no último quartel do Século XX e nesta 1ª década do XXI.
É missão deste blog a exposição de factos históricos devidamente comprovados e que se encontram dispersos por vários locais, quer fisicos, quer internautas, quer em Portugal quer no estrangeiro, com o único propósito de manter e de forma inequívoca, um historial compliado de forma acessivel, comprovada e clara, despido de falsas noções ou erros basilares sobre a evolução deste fenómeno naquela que é seguramente a principal responsável pelo ressurgimento do fenómeno tunante em Portugal.
Para tal contará este blog com a participação de ilustres pensadores da Academia e não só sobre este fenómeno, com particular destaque para aqueles que fizeram parte da evolução tida a seu tempo, bem como com o recurso de testemunhos devidamente documentados de ilustres pessoas que um dia contribuiram com a sua presença fisica e tunante em prol da Tuna Portuense.
A falta da existência desse repositório histórico feito de forma ordenada, lógica e verdadeira fazia-se sentir há muito tempo a esta parte. Será este espaço um contributo com vista a eliminar da melhor forma possivel e acessivel a todos essa lacuna. Numa Academia que tem históricamente tanta vitalidade Tunante quer em quantidade quer em qualidade será fundamental nesta ocasião fomentar essa singularidade e colocá-la à disposição de todos: A informação de nada serve se retida num qualquer baú de memórias intemporal.
"Habemos Blog!"
Como bem diz João Caramalho Domingues no seu site Porto Académico "Um dos grandes defeitos das tradições académicas portuenses é a falta de memória." (fim citação).
À falta de um repositório historicamente delineado, devidamente compilado num único local e resultado de inúmeras investigações feitas de há 16 anos a esta parte, resolvi aliar esse mesmo trabalho em razão da experiência in loco, de forma a compilar os dados mais importantes e relevantes que contribuiram para a formação da noção Tuna universitária na Academia do Porto desde o surgimento do primeiro agrupamento, sua génese histórica e social, suas implicações a nivel da Academia, sua envolvente no panorama local e nacional, bem como internacional, entre outros pontos quentes que subsidiam o surgimento e ressurgimento mais recente do fenómeno Tuna universitária na cidade e na Academia do Porto, noção ultima esta em plena evolução principalmente no último quartel do Século XX e nesta 1ª década do XXI.
É missão deste blog a exposição de factos históricos devidamente comprovados e que se encontram dispersos por vários locais, quer fisicos, quer internautas, quer em Portugal quer no estrangeiro, com o único propósito de manter e de forma inequívoca, um historial compliado de forma acessivel, comprovada e clara, despido de falsas noções ou erros basilares sobre a evolução deste fenómeno naquela que é seguramente a principal responsável pelo ressurgimento do fenómeno tunante em Portugal.
Para tal contará este blog com a participação de ilustres pensadores da Academia e não só sobre este fenómeno, com particular destaque para aqueles que fizeram parte da evolução tida a seu tempo, bem como com o recurso de testemunhos devidamente documentados de ilustres pessoas que um dia contribuiram com a sua presença fisica e tunante em prol da Tuna Portuense.
A falta da existência desse repositório histórico feito de forma ordenada, lógica e verdadeira fazia-se sentir há muito tempo a esta parte. Será este espaço um contributo com vista a eliminar da melhor forma possivel e acessivel a todos essa lacuna. Numa Academia que tem históricamente tanta vitalidade Tunante quer em quantidade quer em qualidade será fundamental nesta ocasião fomentar essa singularidade e colocá-la à disposição de todos: A informação de nada serve se retida num qualquer baú de memórias intemporal.
"Habemos Blog!"
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