“Numa reunião preparatória das Comemorações dos 75 anos do OUP, algures no final do terceiro trimestre de 1986, ao propor-se um programa de actividades para os 75 anos, foi proposto pela Direcção a realização da [I] Bienal [de Canto Coral do Porto] e de uma exposição, mas achou-se que seria pouco…”
A Tuna Universitária do Porto (tal como a conhecemos hoje) estava a dar os primeiros passos: “eu propus, um pouco a medo digamos, a realização de um Festival Internacional de Tunas Universitárias, já com o nome de “Cidade do Porto” [o comum em Espanha era os festivais terem como subtítulo o nome da localidade de acolhimento], (…) eu vivia em Fafe, e lá via melhor a TVE do que a RTP (coisas do passado recente ) e levantava-me sempre cedo aos Sábados de manhã para ver o Concurso de Tunas do “Gente Joven”.
Sempre imaginava a nossa Tuna do OUP (que era assim ainda chamada) a deixar as cadeiras de lado, a colocar os nossos emblemas da capa bem à vista, a balançar enquanto cantava e mandar umas larachas no meio das músicas…muito à imagem do que via nesse concurso (…).”
No concurso desse ano destacou-se a Tuna Universitária de Medicina de Cádis, razão pela qual foi convidada a vir no ano seguinte, juntamente com o coro da Universidade, já que vários integrantes da tuna pertenciam também ao Coral Universitário de Cádis - um dos convidados para a Bienal dos 75 ano, que, aliás, teve um sucesso assinalável. Porquê um festival de tunas (e não outra coisa qualquer)?
“Apareceu antes, realmente uma ideia de fazermos um Festival de Folclore Internacional… mas como, nessa altura, havia um em cada esquina, a ideia ficou por aí… e avançámos com as iniciativas inéditas ou quase… por uma questão de prestígio e inovação… e resultaram… pena foi que não continuassem com a Bienal… (…) ainda antes do I FITU, eu e o Miguel Araújo fomos convidados a ir a Cádis (presumo que em Junho/Julho 1986) para nos apercebermos do que era o ambiente de Tunas e de Festival de Tunas, que foi num pequeno Certamen de tunas de Jerez de la Frontera, com várias tunas de Espanha… e assim foi durante 4 dias! O FITU já foi organizado muito à imagem de um Certamen… com pasacalles, apresentações noutras cidades, etc.”
O I FITU teve um carácter não-competitivo: o que se pretendia era assinalar as bodas de diamante do OUP, por um lado, e criar/reforçar laços de amizade e fraternidade académica, por outro. Começámos por investigar que outras tunas de carácter estudantil existiam em Portugal. Em 1986, o panorama era mais do que escasso e resumia-se aos dedos de uma mão: OUP, Associação dos Antigos Orfeonistas da UP, Tuna Académica da Universidade de Coimbra, Estudantina Universitária de Coimbra, Tuna dos Politrecos da UTAD e Tuna Académica do Liceu de Évora.
Responderam favoravelmente a Tuna da AAOUP (nem podia deixar de ser), a TALE e os “Politrecos”. De Coimbra, a TAUC respondeu que “ao Porto, nem pensar. Nós só participamos em Certamenes em Espanha.” Respeitou-se a vontade. Perante uma resposta deste teor, já nem se convidou a Estudantina. Era este o lamentável estado das “relações” entre instituições universitárias nesses tempos. Felizmente, assistiu-se a uma inversão total: Estudantina e Universitária só não são irmãs no papel – prova do amadurecimento pessoal e institucional. A partir daqui, a história do FITU é conhecida, com os seus altos e baixos, grandezas e misérias, encontros e desencontros com a História.
[Agradecimento ao Tó-Zé Vasconcelos pela paciência e ao Eduardo Coelho pelo preciso auxilio…]