quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os anos 60: Tuna do Orfeão Universitário do Porto


Em 1961 sob a direcção de Belarmino Soares adopta o nome de "Tuna do Orfeão Universitário do Porto". Em 22 de Março de 1962 no Sarau comemorativo do 50º aniversário do O.U.P. a Tuna reune várias gerações no palco do Coliseu do Porto. Participa em variados espectáculos do O.U.P. e nas suas digressões.



Edita em 1962 um E.P. com os temas "Amores de Estudante", "Clavelitos" e "Suite Académica". Alguns anos depois, sob a regência de Nelson Durão grava um segundo E.P., desta vez incluíndo "O Nosso Encontro", "Adeus Corunha" e "Miscelânea".

"No passado ano e a propósito das comemorações do 50º aniversário do Orfeão Académico do Porto e 25º do Orfeão Universitário, foi novamente recordado [Amores de Estudante]. Executado, durante o Sarau realizado no dia 22 de Março no Coliseu do Porto, por uma Tuna constituida por antigos e actuais elementos, constitui um dos mais altos momentos de saudosa evocação e comunhão de sentimentos entre antigos e actuais orfeonistas e tunos. De tal modo calou fundo o seu significado no coração dos actuais orfeonistas, que a Tuna do O.U.P. decidiu incluí-lo no seu reportório, durante as digressões que efectuou pela Galiza e pela Província de Angola. O acolhimento que o público concedeu foi de modo a ultrapassar as melhores previsões. Na maioria dos espectáculos foi a audição bisada e principalmente em Angola o êxito foi de tal ordem que os orfeonistas se viram assediados por pessoas interessadas em conhecerem a letra já que a música tinha ficado gravada no ouvido e no coração, e as emissoras de rádio das diferentes cidades, por onde passou o Orfeão eram solicitadas a incluir com frequência nos seus programas o Tango "Amores de Estudante", gravação do Sarau do O.U.P. ("Recordando" in Jornal do Orfeão 1963)

"Suite Académica. Era manhã de terça-feira de Carnaval....em 1963.
Porque não tinha gozado a noite de Carnaval anterior, acordei fresco e inspirado. De tal modo que, mesmo em pijama e sem me barbear, me senti impulsionado para o pequeno harmónio de minha casa, de grade significado para mim pois nele aprendi a tocar.
Como num jacto, escrevi a Suite Académica, na forma final em que veio a ser apresentada, pois andou no meu subconsciente durante alguns dias, após o pedido de vários colegas para que perpetuasse numa obra as canções mais cantadas pela Academia na altura. A ultima canção da Suite Académica (Solelumeta) foi mesmo trazida da Angola (Fábrica da Cuca - Nova Lisboa), onde tivemos o gratíssimo prazer de ouvir um magnífico coro de indígenas cantar aquela canção e muitas outras do riquíssimo folclore angolano." (Belarmino Soares)


Fonte: Contracapa do Cd "Um Percurso"

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Os anos 30: Tuna Universitária do Porto

Em 1937, reorganizada pela acção de Tiago Ferreira e Paulo Pombo, toma a designação de Tuna Universitária do Porto, passando a admitir apenas alunos da Universidade do Porto. Sob a orientação do Maestro Afonso Valentim e direcção artística de Mário de Oliveira Delgado, actua numa récita de gala no Teatro Rivoli.

Participa em espectáculos em vários pontos do país e o reportório, para além do "Hino Académico do Porto", é de cariz essencialmente clássico: "Serenata de Bandolins" de Desormes, "Marcha Turca das Ruínas de Atenas" de Beethoven e "Serenata" de Shubert, etc...Aureliano da Fonseca e Paulo Pombo, Orfeonistas, Tunos e membros da famosa Orquestra Universitária de Tangos compõem "Amores de Estudante" e "Nosso Encontro". É nesta data que o Orfeão toma a sua designação actual, "Orfeão Universitário do Porto", e integra naípes femininos, uma inovação. Em 1942 a Tuna e o Grupo de Fados são oficialmente integrados no O.U.P.


" Concomitantemente, Tiago ferreira (estudante de Medicina) e Paulo Pombo (estudante de Engenharia) exaltaram a reorganização da Tuna Universitária, com os estudantes que das quatro faculdades sabiam tocar, pouco que fosse, qualquer instrumento musical. Em breve eramos 34, sendo 14 de Medicina, 13 de Engenharia, quatro de Ciências e 3 de Farmácia "(...)

"O Tango-Canção [Amores de Estudante] foi pela primeira vez tocado no Teatro de Carlos Alberto no dia 2 de Janeiro de 1938. A terminar, com frenéticas palmas, o público exigiu repetição, que levantou a plateia. Desde então os "Amores de Estudante" não mais deixaram de ser tocados e cantados "(...)

"...E no balanço entusiasmado das possibilidades instrumentais havia:
violinos de arcada segura, flautas de bom sopro, violões de bordões firmes (e que também sabiam ler o pentagrama) e até fortuna suprema, uma harpa de boa escola. Deste modo a récita de Gala de 1937, no Teatro rivoli, sob a presidência do Ministro da Educação Nacional, Professor Carneiro Pacheco, com parte coral e parte instrumental, constituí um exito memorável! "(...)

"A Tuna deu inúmeros recitais pelo país, tendo como complemento uma parte teatral dirigida pelo saudoso Atayde de Perry. Manteve-se na porfia do seu sonho defazer Música Instrumental de Beethoven, de Shubert, de Brahms. E auxiliou até, monetáriamente, alunos pobres da universidade "(...)

"Os Antigos Tunos de cursos e formações diferentes jamais perderam o contacto uns com os outros e com a Casa onde se formaram, tornada lar de constante retorno. Sob a égide do Reitor que se seguiu, o Professor Doutor Amândio Tavares - que aceitou o título de Tuno Honorário - os antigos componentes passaram a reunir-se periodicamente, vindos de longe ou de perto. E no ano de 1961, numa dessas reuniões, os antigos Tunos colaboraram até com o Orfeão Universitário, no palco do Coliseu, numa festa de confraternização do mais alto significado".


Fonte: Contra-Capa do CD "Um Percurso"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Tuna Académica do Porto: Anos 20

Na década de 20 assume a regência Modesto Osório. A Tuna e o Orfeão aglutinam-se sob o nome "Tuna e Orfeão Académico do Porto". Desloca-se à Galiza por diversas vezes, Valladolid, Saragoça, Tarragona, Barcelona, Salamanca e Madrid, onde é recebida por El-Rei de Espanha em 14 de Maio de 1922. Datam desta época as composições de Modesto Osório: "Adeus Corunha", "Porto-Madrid", " A Tua Serenata" e "Alma Portuguesa". Em 1928 sob a direcção musical de Manuel João Alves desloca-se à Madeira e aos Açores.


"A Embaixada da Academia Portuense que chegou a Madrid no dia 14 de Maio de 1922 era esperada pelas autoridades, Ministro de Portugal (Melo Barreto), Consul Geral de Portugal (D. António Solalind), representantes da Universidade Central, da Residência dos Estudantes do Ateneu, das associações dos estudantes, do grupo "Amigos de Portugal" e enorme multidão.

Recebida em audiência no Paço, afirmou-lhe el Rei que o povo espanhol, e ele próprio, tinham o maior carinho para com a nação irmã e vizinha. A embaixada académica servia, assim, a fins diplomáticos...

As duas primeiras récitas deram-se a 15 e 16 no Teatro Espanhol, com casas cheias e êxito clamoroso. Os estudantes tinham levado luxuosos programas elucidativos, em papel couché, colaborados por Teixeira de Pascoaes, Julio Brandão e Ezequiel de Campos. Terminaram os espectáculos com vivas a Espanha e Portugal."

"Num desses dias, a Tuna e o Orfeão resolveram dar uma récita ao ar livre no maravilhoso Jardim del Retiro (Madrid, 1922). No final a bilheteira acusava uma receita de muitos milhares de pesetas. Entre nós deliberamos por unanimidade que esse dinheiro fosse entregue aos governantes da cidade para os seus pobres e assim fizemos. O contentamento provocado por esse gesto exteriorizou-se de forma tal que alguns componentes deste grupo musical tiveram de andar acompanhados para que não os raptassem!"


" Nos primeiros dias de Dezembro daquele ano de 1922, vêm ao Norte, com o propósito de receberem as homenagens das populações, os aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral. No Porto são recebidos festivamente e em 4 organiza o Orfeão Académico um espectáculo em sua honra no Teatro de S. João."

" A recepção no Ferrol (Espanha, 1928), foi estrondosa. A Madrinha, menina de grandes dotes fisicos, materiais e espirituais, apresentou-nos um requintado copo-de-água , todo composto por doces e vinhos dos mais caros. Porém, tão grande gentileza não pôde ser totalmente apreciada por nós porque havia 24 horas que não comíamos coisa "de ir ao lume", como é hábito dizer-se e aqueles doces, embora muito delicados, não eram de molde a satisfazer o nosso apetite. Por essa razão e também para não darmos a conhecer o desconsolo em que os nossos estomagos se encontravam, deixamos na mesa muito do que nos era oferecido e brindamos os donos da casa com algumas canções e fados..."



Fonte: Contra-Capa do CD "Um Percurso"

Tuna Académica do Porto 1897

Tuna Académica Porto, 1897 Repare-se no número 55, Álvaro de Sousa e sua legenda......